terça-feira, 27 de dezembro de 2022

Livro "Catecismo contra o aborto", pois nenhum Católico pode ser favorável ao aborto - Favor compartilhar.

IX

Campanha mundial pela legalização do aborto

71. A grande quantidade de abortos se deve exclusivamente ao dinamismo espontâneo de uma sociedade que vai se corrompendo moralmente ou há algo mais?
— É um engano pensar que a avalanche de pecados que constituem os milhões de abortos praticados anualmente em todo o mundo se deve apenas ao dinamismo puramente espontâneo de uma sociedade em decadência moral. Pelo contrário, é notória a existência de um imenso movimento pró-aborto, atuante em âmbito mundial, que se dedica a promover a legalização e a prática do aborto.

72. Que organizações se dedicam a promover o aborto?
— São incontáveis as organizações públicas e privadas, no mundo inteiro, que se dedicam a promover o aborto. Entre elas incluem-se organismos da ONU, numerosas ONGs, governos nacionais. Constituem uma rede organizada, influente, que dispõe de imensos recursos financeiros e midiáticos. A Santa Sé, através de núncio apostólico que mantém nas Nações Unidas, advertiu que os governos têm o dever de denunciar as agências da ONU que, contra os tratados internacionais, promovem o aborto.

73. Que relação tem o aborto com as teses eugenistas?
— O movimento abortista, alegando chavões sentimentais, favorece os desígnios de uma doutrina extremamente perigosa chamada eugenia, que almeja impor-se ao mundo inteiro. São seus objetivos: promover as raças e pessoas consideradas superiores (eugenismo positivo); fazer desaparecer as raças e pessoas consideradas inferiores (eugenismo negativo).* A eugenia era praticada pelos povos pagãos, inclusive pelos gregos e romanos. Foi a Igreja Católica que, ensinando gradativamente o alto valor da vida humana e seu destino sobrenatural e eterno, inculcou ao mesmo tempo o horror ao aborto e ao infanticídio.
* Cfr. Lilian Denise Mai e Emília Luigia Saporiti Angerami, Eugenia negativa e positiva: significados e contradições, in Revista Latino-Americana de Enfermagem, março-abril de 2006. [vide http://www.scielo.br/pdf/rlae/v14n2/v14n2a15.pdf].

74. A eugenia reviveu depois?
— No século XIX a eugenia foi “redescoberta” por Darwin, cuja teoria evolucionista de “seleção natural” procura explicar a formação de raças superiores e inferiores: “Entre os selvagens, os corpos ou mentes enfermos são rapidamente eliminados. Os homens civilizados, ao contrário, constroem asilos para os imbecis, incapacitados ou enfermos, e nossos médicos aplicam o melhor de seu talento em conservar a vida de todos e de cada um, até o último momento, permitindo que se propaguem os membros fracos das nossas sociedades civilizadas. Ninguém que tenha trabalhado na reprodução de animais domésticos duvidará de que isto é sumamente prejudicial à espécie humana” (destaques em negrito nossos).*
* Charles Darwin, The Descent of Man, cap. 5 — On the Development of the Intellectual and Moral Faculties During Primeval and Civilised Times. [vide http://www.literature.org/authors/darwin-charles/the-descent-of-man/chapter-05.html].

75. Que relação há entre eugenia, planejamento familiar e aborto?
— Margaret Sanger (1879–1966), ícone do movimento feminista, fundadora da International Planned
Parenthood Federation (Federação Internacional de Planejamento Familiar), prega claramente a eugenia no seu livro The Pivot of Civilization (cfr. pp. 59-71) e em muitos outros escritos. A entidade por ela fundada é uma das mais ativas organizações abortistas de nossos dias.

76. A eugenia foi favorecida pelo nazismo?
— No século XX, a eugenia foi adotada como política oficial do nazismo de Hitler e mereceu a repulsa geral da opinião pública, até bem pouco tempo.

77. O que o aborto tem que ver com as teses de “ecologia profunda”?
— A expressão doutrinária mais extremada do movimento ecológico denomina-se ecologia profunda, e é aparentada com a eugenia. Seus defensores afirmam que a capacidade da Terra para suportar a população humana é muito limitada, entre um e dois bilhões de pessoas. Muitos crêem que isso os leve a advogar a extinção da humanidade, por ser predatória da natureza. De fato, alguns deles pensam assim. Propõem, entre outras coisas, uma extinção voluntária, consistente em renunciar a ter filhos ou abortá-los. Nesse sentido trabalha, por exemplo, a ONG The Voluntary Human Extinction Movement (Movimento pela extinção humana voluntária).*
* Cfr. http://www.vhemt.org/index.htm.

78. O que o aborto tem a ver com as teses marxistas e comunistas?
— Para marxistas e comunistas, o aborto encaixa-se na luta pela chamada “libertação da mulher”. Durante a revolução russa, o departamento feminino do partido bolchevista conseguiu aprovar o direito ao aborto legal gratuito nos hospitais do Estado. Com Stalin, o aborto voltou a ser ilegal. Na década de 60, os comunistas, aliados aos grupos feministas de inspiração marxista, conseguiram a despenalização do aborto na Itália, França, Inglaterra e Estados Unidos. E continuam difundindo virulentamente, em todo o mundo, a defesa do aborto como se fosse um direito da mulher.

79. Em face da cultura da vida, existe também uma cultura da morte?
— Sim, muitos se dedicam a difundir na sociedade uma mentalidade que atenta contra a vida humana, propugnando o aborto e a eutanásia. Segundo essa mentalidade, tais práticas não deveriam mais ser consideradas crimes; assumiriam paradoxalmente o caráter de direitos, a ponto de se pretender, para elas, um reconhecimento legal do Estado, junto com a garantia de execução gratuita por meio de profissionais de saúde. Estes ficariam, em alguns casos, proibidos inclusive de levantar objeção de consciência contra tais práticas criminosas.

80. O movimento pró-aborto resulta de considerações meramente sentimentais ou envolve algo mais profundo?
— As pessoas que se manifestam favoráveis ao aborto parecem movidas por considerações meramente sentimentais, alegando sobretudo a consternação da mulher diante de uma gravidez indesejada. Alguns pensam também nas condições de pobreza em que a criança vai viver depois de nascida. Mas não pensam no sofrimento da vítima inocente e indefesa que vai ser brutalmente sacrificada antes de nascer. Essa obnubilação do sentimento, que só vê um dos lados da questão, é provocada, segundo o ensinamento da Igreja, por aquele que foi o “homicida desde o princípio” e o “pai da mentira”, ou seja, o demônio. Foi o demônio que incitou Caim a matar seu irmão Abel, e desde então a maldição do homicídio pesa sobre a descendência de Adão e Eva. Desde então, a humanidade se dividiu em duas cidades, como ensina Santo Agostinho: a Cidade do homem, fundada sobre o amor egoísta de si mesmo levado até o ódio a Deus e a seus divinos Mandamentos; e, em contraposição, a Cidade de Deus, constituída por aqueles que põem o amor a Deus infinitamente acima do amor legítimo e desinteressado de si mesmo.

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