quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

Meditações para a Quaresma - Santo Tomás de Aquino


Título da obra em latim

MEDULLA S. THOMAE AQUITATIS PER OMNES ANNI LITURGICI DIES DISTRBUITA, SEU MEDITATIONES EX OPERIBUS S. THOMAE DEPROMPTAE

Recopilação e ordenação de FR. Z. MÉZARD O. P.

Produzido a partir do material disponibilizado em http://permanencia.org.br/drupal/node/1769

OBSERVAÇÃO
Todos os títulos com asterisco contêm material que hoje não mais se atribui a Santo Tomás de Aquino.


Sumário
1. Quarta-feira de cinzas: A morte..............................................................................................................5
2. Quinta-feira depois das cinzas: O jejum.................................................................................................6
3. Sexta-feira depois das cinzas: A coroa de espinhos *............................................................................8
4. Sábado depois das cinzas: O grão de trigo...........................................................................................10
5. Primeiro domingo da Quaresma: A tentação de Cristo........................................................................12
6. Segunda-feira depois do I domingo da Quaresma: Cristo devia ser tentado no deserto..................... 13
7. Terça-feira depois do I domingo da Quaresma: De que modo Cristo sofreu todos os sofrimentos.....15
8. Quarta-feira depois do I domingo da Quaresma: A imensidade da dor da Paixão de Cristo...............16
9. Quinta feira depois do I domingo da Quaresma: Foi conveniente Cristo ser crucificado entre ladrões................................................................................18
10. Sexta-feira depois do I domingo da Quaresma: Na festa da lança e dos cravos de Nosso Senhor.......................................................................................20
11. Sábado depois do I domingo da Quaresma: A Caridade de Deus na Paixão de Cristo....................................................................................................21
12. Segundo domingo da Quaresma: Se Deus Pai entregou Cristo à Paixão...........................................23
13. Segunda-feira depois do II domingo da Quaresma: Se foi conveniente que Cristo sofresse da parte dos gentios................................................................................................................................................25
14. Terça-feira depois do II domingo da Quaresma: A Paixão de Cristo causou a nossa salvação a modo de mérito...................................................................................................................................................27
15. Quarta-feira depois do II domingo da Quaresma: A Paixão de Cristo causou nossa salvação a modo de satisfação..............................................................................................................................................28
16. Quinta-feira depois do II domingo da Quaresma: A Paixão de Cristo se realizou a modo de sacrifício....................................................................................................................................................30
17. Sexta-feira depois do II domingo da Quaresma: O Santo Sudário.....................................................32
18. Sábado depois do II domingo da Quaresma: A Paixão de Cristo obrou nossa salvação a modo de Redenção...................................................................................................................................................34
19. Terceiro domingo da Quaresma: Pela Paixão somos liberados do pecado ........................................36
20. Segunda-feira depois do III domingo da Quaresma: Pela Paixão fomos libertados do poder do diabo..........................................................................................................................................................38
21. Terça-feira depois do III domingo da Quaresma: Cristo, o verdadeiro Redentor...............................40
22. Quarta-feira depois do III domingo da Quaresma: O Preço da Nossa Redenção...............................42
23. Quinta-feira depois da III semana da Quaresma: A pregação da samaritana.....................................44
24. Sexta-feira depois do III domingo da Quaresma: Pela Paixão fomos liberados da pena do pecado........................................................................................................................................................46
25. Sábado depois do III domingo da Quaresma: Pela Paixão fomos reconciliados com Deus...........................................................................................................................................................48
26. Quarto domingo da Quaresma: Cristo com sua paixão abriu a porta do céu.....................................50
27. Segunda-feira depois do IV domingo da Quaresma: Cristo mereceu, pela sua paixão, ser exaltado.....................................................................................................................................................52
28. Terça-feira depois do IV domingo da Quaresma: O exemplo de Cristo crucificado..........................54
29. Quarta-feira depois do IV domingo da Quaresma: O amigo divino...................................................56
30. Quinta-feira depois do IV domingo da Quaresma: A morte de Lázaro. ............................................57
31. Sexta-feira depois do IV domingo da Quaresma: O Preciosíssimo Sangue de Nosso Senhor.......................................................................................................................................................59
32. Sábado depois do IV domingo da Quaresma: O modo mais conveniente para a liberação do gênero humano.....................................................................................................................................................62
33. Primeiro domingo da Paixão: A Paixão de Cristo..............................................................................63
34. Segunda-feira depois do I domingo da Paixão: A Paixão de Cristo é remédio contra todos os pecados.....................................................................................................................................................65
35. Terça-feira depois do I domingo da Paixão: O Sepulcro de Cristo....................................................68
36. Quarta-feira depois do I domingo da Paixão: O Sepulcro Espiritual *..............................................70
37. Quinta-feira depois do I domingo da Paixão: O Sinal maior do amor de Cristo................................72
38. Sexta-feira depois do I domingo da Paixão: A compaixão de Nossa Senhora...................................74
39. Sábado depois do I domingo da Paixão: De que modo devemos lavar os pés uns dos outros?.......................................................................................................................................................75
40. Domingo de Ramos: Utilidade da Paixão de Cristo como exemplo...................................................7
41. Segunda-feira santa: Necessidade de uma perfeita purificação..........................................................79
42. Terça-feira santa: Preparação de Cristo ao Lava-Pés..........................................................................81
43. Quarta-feira santa: Três ensinamentos místicos no Lava-Pés.............................................................82
44. Quinta-feira santa: A ceia do Senhor *...............................................................................................84
45. Sexta-feira santa: A morte de Cristo *................................................................................................86
46. Sábado santo: Utilidade da descida de Cristo aos infernos................................................................88


1. Quarta-feira de cinzas: A morte «Por um homem entrou o pecado neste mundo e, pelo pecado, a morte» (Rm 5, 12)

1. Se alguém, por culpa sua, foi privado de algum benefício, que lhe fora dado, a privação desse benefício será a pena da culpa cometida. Ora, o homem, desde o primeiro instante da sua criação, recebeu de Deus o benefício de, enquanto tivesse o seu espírito sujeito a Deus, ter sujeitas à alma racional as potências inferiores dela, e o corpo, à alma. Ora, tendo o espírito do homem repelido, pelo pecado original, a sujeição divina, daí resultou que as potências inferiores já não se sujeitaram totalmente à razão,donde procedeu a tão grande rebelião dos apetites carnais contra ela, nem já o corpo se subordinou totalmente à alma, donde resultou a morte e as outras deficiências corporais. Ora, a vida e a saúde do corpo consiste em sujeitar-se à alma, como o perfectível, à sua perfeição. Por onde e ao contrário, a morte, a doença e todas as misérias do corpo resultam da falta de sujeição do corpo à alma. Donde, é claro que, assim como a rebelião do apetite carnal contra o espírito é a pena do pecado dos nossos primeiros pais, assim também o é a morte e todas as misérias do corpo.

2. A alma racional é, por essência, imortal. Por onde, a morte não é natural ao homem quanto à sua alma. Quanto ao corpo do homem, uma vez que é composto de elementos opostos, dele se segue necessariamente a corruptibilidade. E, quanto a isso, a morte é natural ao homem. Ora, Deus, criador do homem, é onipotente. Por isso, por benefício seu, livrou o homem, desde o primeiro instante da sua criação, da necessidade de morrer, resultante da matéria que o constituía. Ora, esse benefício perderam-no pelo pecado os nossos primeiros pais. E assim, a morte é natural pela condição da matéria; e é penal pela perda do benefício divino, que dela preservava.
IIa IIae, q. CLXIV, a. 1

3. A culpa original e a atual são removidas por Cristo, isto é, por aquele mesmo por quem se removem as misérias corpóreas, conforme aquilo do Apóstolo: «dará vida aos vossos corpos mortais, pelo seu Espírito, que habita em vós». Mas, uma e outra coisa se realizarão em tempo oportuno, segundo a ordem da divina sabedoria. Pois, havemos de chegar à imortalidade e à impassibilidade da glória, começada em Cristo, que no-la adquiriu, depois de lhe termos, durante a vida, participado dos sofrimentos. Por isso, é necessário que, conformes com Cristo, a sua passibilidade perdure nos nossos corpos, para merecermos a impassibilidade da glória.
Ia IIae, q. LXXXV, a. V, ad 2um.
(P. D. Mézard, O. P., Meditationes ex Operibus S. Thomae.)

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