29. Quarta-feira depois do IV domingo da Quaresma: O amigo divino
Quarta-feira depois do IV domingo da Quaresma
«Mandaram, pois, suas irmãs dizer a Jesus: Senhor, eis que está enfermo aquele que tu amas» (Jo 11, 3 )Aqui há três coisas que se deve considerar:
a) A primeira é que os amigos de Deus por vezes padecem no corpo. Assim, não é sinal de falta de amizade com Deus o padecermos no corpo. Elifaz errava ao dizer a Jó, Lembra-te: que inocente pereceu jamais? ou quando foram os justos destruídos? (Jó 4, 7), como provam as irmãs de Lázaro: Senhor, eis que está enfermo aquele que tu amas. Lemos no livros dos Provérbios (3, 12): O Senhor castiga aquele a quem ama, como um pai a seu filho querido.
b) A segunda é que elas não dizem: Senhor, vinde, curai-o, mas apenas expõem o seu estado: eis que está enfermo. O que significa que basta exprimir a um amigo as nossas necessidades, sem acrescentar pedido algum; pois um amigo, assim como procura seu próprio bem e combate seus males pessoais, combaterá os males de seu amigo. E isto é sobretudo verdadeiro de quem verdadeiramente ama. Diz o salmo (144, 20): O Senhor guarda todos os que o amam.
c) A terceira é que as duas irmãs, desejando a cura de seu irmão doente, não vêm pessoalmente ao Cristo, como o fizeram o paralítico e o centurião; e isso por causa de sua confiança em Jesus Cristo, em virtude do amor especial e da familiaridade que lhes testemunhará. E talvez estivessem detidas pela dor, como disse são João Cristóstomo, em conformidade com aquilo do Eclesiástico (6, 11): Se o teu amigo perseverar firme, será para ti como um igual, tratará à vontade com os da tua casa.
In Joan, XI
(P. D. Mézard, O. P., Meditationes ex Operibus S. Thomae.)
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