segunda-feira, 17 de outubro de 2022

A Agonia de Jesus - Pelo Santo Padre Pio

Mas Jesus, como é grande a dor que leio no teu coração, transbordante de tristeza. Vos

vejo afastando-vos dos vossos discípulos, ferido, todo magoado! Pudesse eu dar-vos algum reconforto, consolar-vos um pouco... mas, incapaz de mais nada, choro aos vossos pés. Unem-se às vossas as lágrimas do meu amor e da minha compunção. E elevam-se até ao trono do Pai, suplicando que tenha piedade de nós, que tenha piedade de tantas almas, mergulhadas no sono do pecado e da morte.

Jesus volta ao lugar onde rezara, extenuado e em extrema aflição. Cai, sim, mas não se prostra. Cai sobre a terra. Sente-se despedaçado por angústia mortal e a sua prece torna-se mais intensa.

O Pai desvia o olhar, como se Ele fosse o mais abjeto dos homens. Parece-me ouvir os lamentos do Salvador:

Se, ao menos as criaturas por causa de quem eu tanto sofro quisessem aproveitar-se das graças obtidas através de tantas dores! Se, ao menos reconhecessem pelo seu justo valor, o preço pago por mim para resgatar e dar-lhes a vida de filhos de Deus! Ah! este amor despedaça-me o coração, bem mais cruelmente do que os carrascos que irão, em breve, despedaçar-me a carne...

Vê o homem que não sabe, porque não quer saber; e blasfema do Sangue Divino e, o que é bem mais irreparável, serve-se desse Sangue para sua condenação.

Quão poucos o hão de aproveitar, quantos outros correrão ao encontro do próprio extermínio!

Na grande amargura do Seu coração, continua a repetir: “Quæ utilitas im sanguine meo? Quão poucos aproveitaram o meu Sangue!

O pensamento, porém, deste pequeno número basta para afrontar a Paixão e morte. Nada existe, não há ninguém que possa dar-lhe sombra de consolação. O Céu fechou-se para Ele. O homem, embora esmagado ao peso dos pecados, é ingrato e ignora o seu amor. Sente-se submerso num mar de dor e grita no estertor da agonia: “A minha alma está triste até a morte”.

Sangue Divino, que jorras, irresistivelmente do Coração de Jesus, corres por todos os seus poros para lavar a pobre Terra ingrata. Permite-me que eu te recolha, Sangue tão precioso, sobretudo estas primeiras gotas. Quero guardar-te no cálice do meu coração. És prova irrefutável deste Amor, única causa de teres sido vertido. Quero purificar-me através de ti, Sangue preciosíssimo! Quero com ele purificar todas as almas, manchadas pelo pecado. Quero oferecer-te ao Pai.

É o sangue do seu Filho Bem-Amado que caiu sobre a Terra para a purificar. É o Sangue do seu Filho que ascende ao Seu trono para reconciliar a Justiça ultrajada. A alegria é na verdade muito mais veemente do que a dor.

Jesus chegou então ao fim do caminho doloroso?

Não.

Ele não quer limitar a torrente do seu amor! É preciso que o homem saiba quanto ama o Homem-Deus. É preciso que o homem saiba até que abismos de abjeção pode levar amor tão

completo. Embora a Justiça do Pai esteja satisfeita com o suor do Sangue preciosíssimo, o homem carece de provas palpáveis deste amor.

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